Terapia é pra quem?
- Mariana Cardoso
- 14 de mai. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de jul. de 2018
Será que fazer terapia pode ser uma boa escolha do/para o meu filho adolescente? E pra mim?

Inicialmente, vale ressaltar que não é necessário chegar à conclusão de que se "precisa de terapia" para fazê-la. A terapia pode ser preventiva, não precisa ser recorrida apenas quando estamos diante de um problema. Querer fazer psicoterapia para sentir-se melhor do que se sente, ou até para se conhecer mais, enfim, para fazer algo que sozinho é difícil ou não tem conseguido, já vale como estímulo para realizar o processo terapêutico. De modo geral, é para resolver algo que não está conseguindo resolver sozinho.
Ir ao psicólogo, diferentemente do que muitos pensam, é pra quem quer ir ao psicólogo! É pra quem quer se conhecer, se cuidar e/ou crescer!
O psicólogo não é alguém que dá respostas prontas. Ele auxilia o paciente a encontrá-las, ampliando seu entendimento e formas de enxergar situações vividas, bem como de senti-las e vivenciá-las de uma outra maneira... Assim o cliente chega a novas conclusões! O terapeuta funciona como um facilitador na busca do que aquele que o procurou deseja. O agente da melhora vislumbrada é o próprio paciente, que deve ser ativo.
A terapia voltada ao adolescente geralmente tem algumas problemáticas a serem trabalhadas, algumas demandas advindas dos pais ou/e do adolescente. É importante ouvir todos para delinear o trabalho a ser realizado, além de considerar as demandas que surgirão ao longo das sessões. Essa problemática pode ser uma dificuldade em lidar com algo ou alguém, em se aceitar, em melhorar algum aspecto pessoal que lhe traz prejuízos, ou até em vivenciar a adolescência de forma saudável, com todas as mudanças e decisões que dela fazem parte. Aliás, qualquer mudança observada pode desencadear essa demanda por terapia.
Nessa fase do novo jovem, muitas vezes, os pais também se sentem inseguros, visto que os filhos começam a se comportar de forma diferente do habitual (habitual para a infância). A autonomia começa a ficar mais presente e com ela a crescente independência dos, antes, pequenos. Os pensamentos entre pais e filhos inicialmente "semelhantes", passam a se diferenciarem, bem como os discursos. Os filhos precisam da ajuda dos pais em novas questões, algumas delas ainda tabus. E os pais querem ajudar os filhos, mas estes parecem não querer ajuda... Não daquele jeito, naquele momento, com aquela abordagem. Diante disso, pode ser proveitoso que os pais também façam terapia, a fim de que aprendam a lidar melhor com as mudanças dos filhos que refletem em mudanças próprias, não só no trato com eles, mas com a vida, de modo geral. A adolescência é uma fase de muitas decisões, dentre elas algumas importantes, as quais geralmente, estão vinculadas não só às expectativas dos próprios adolescentes, mas também às expectativas dos pais quanto ao futuro tão sonhado dos filhos. Futuros diferentes "esperados" por cada um deles! E aí já está mais uma dificuldade.
O processo terapêutico favorece a construção de uma maior consciência acerca de nossas limitações e potencialidades, além de possibilitar a concretização do que ainda não se é e quer ser.
Favorece, portanto, que o paciente se adapte às mudanças surgidas!
O tratamento terapêutico demanda grande investimento emocional, visto que o processo pode ser desafiador em algum momento, apesar de proveitoso, por abarcar questões delicadas e difíceis, mas necessárias para as transformações que fazem parte do trajeto em direção aos objetivos.
Outro aspecto importante presente na relação terapêutica é o sigilo profissional! O psicólogo não deve expor o paciente, exceto em situações pontuais, como aquelas em que o paciente se coloca ou coloca outras pessoas em risco. Falando especificamente da terapia de adolescentes, o psicólogo combina previamente com o adolescente aquilo que deve ou não ser levado aos pais, visto que, de modo geral, é necessário mantê-los a par do andamento do processo terapêutico. Logo, se você é adolescente não fique com receio de falar algo que você queira com o seu terapeuta, o combinado entre vocês deve ser respeitado. Confiar nele é indispensável para o seu processo terapêutico.
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